terça-feira, 2 de maio de 2017

De 1984 a 2017 - uma viagem reflexiva

O presente texto, proposto pela Professora Inês de Castro, tem como objetivo a análise da obra “1984” de George Orwell, estando subdividido em 4 partes
Primeiramente, caracterizarei a sociedade descrita por George Orwell. Em segundo lugar, estabelecerei a comparação dos traços totalitários, no 1984, com os dos regimes totalitários do séc. XX. Depois apresentarei a reflexão sobre o papel reservado à História pelo regime político descrito em 1984

A ação principal da obra foca-se na Oceânia sendo que a divisão do mundo, descrita por George Orwell, em 3 grandes super-estados: Eurásia, Lestásia e a própria Oceânia. Governada pelo SOCING, o único partido do qual o chefe supremo é o “Grande Irmão”, “…o rosto de um homem dos seus 45 anos, com farto bigode e feições de uma beleza austera”, a Oceânia apresenta uma estrutura social hierarquizada, estando subdividida em 3 classes: “O Grande Irmão” e os membros do Partido Interno, que fazem parte da classe superior; depois temos os membros do Partido Externo - que equivale à segunda classe -, como exemplo disso temos a personagem principal que era Winston; no fundo da hierarquia, temos os “proles”, que representavam 85% da população, não obtinham grande informação e eram pouco esclarecidos, vivendo em condições precárias.
        Toda a sociedade, descrita por George Orwell, era controlada pelo partido. As pessoas eram controladas por telecrãs, cada movimento, gesto e fala era vigiado por aquele miniaparelho, “a voz provinha de uma placa oblonga, de metal, como um espelho baço…”. Notícias, programas e músicas eram controladas, fazendo com que as pessoas que não estivessem a trabalhar estivessem envolvidas em atividades do partido, formatando assim as suas cabeças. Certamente também o ensino era controlado, de modo a formatar as camadas mais jovens da sociedade com os seus ideais. A própria língua chamava-se “novilíngua” e reduzia o vocabulário dos cidadãos, fazendo com que estes não tivessem pensamentos contrários ao regime.
       Mas porque é que as pessoas continuavam a acreditar no regime?
       O que levava as pessoas a acreditar em muitas das barbaridades do regime era o estado de guerra contínuo, muito em parte devido à superprodução.

Comparação dos traços totalitários, no 1984, com os dos regimes totalitários (fascismo/nazismo e comunismo)
     São similares os traços totalitários dos regimes de extrema esquerda e extrema direita com as sociedades descritas no livro, 1984. Primeiramente temos a ausência da oposição política, pois eles eram de tal maneira perseguidos, torturados e até mesmo mortos que a oposição era quase inexistente, como foi feito pelos regimes totalitários (fascista, comunista). Além disso, em 1984, podemos ver que a sociedade era desigual, sendo que só uma pequena parte da população (2%, que eram os membros do partido) deveria governar e, como se não bastasse, existia também um culto ao chefe (“O grande Irmão”) que era considerado um herói (tal como Hitler, Estaline e Salazar).
        Tanto na sociedade do livro como os dos regimes supramencionados existe um estado esmagador que subordina os seus interesses aos da população. Tudo que é dito pelo Partido e elo “Grande irmão” é como um dogma. Outra semelhança dos regimes totalitários é a exaltação do nacionalismo, como exemplo disso temos a comemoração dos resultados das campanhas de produção que nem sempre correspondiam à realidade. Tal como os regimes totalitários, o regime totalitário orwelliano também recorre à ignorância para dominar as pessoas, nomeadamente com o controlo do ensino e o controlo dos média para que pudessem impingir as ideias dos partidos às pessoas (Kraft macht Freude).

Reflexão sobre o papel reservado à História pelo regime político descrito em Mil Novecentos e Oitenta e Quatro
       «Quem domina o passado domina o futuro; quem domina o presente domina o passado.». Se por um lado “quem domina o passado domina o futuro”, o autor mostra-nos que a história é escrita pelos “vencedores” que certamente chegaram ao poder. Logo, os que venceram o “passado” são aqueles que comandam o destino da sociedade. Por conseguinte, “quem domina o presente domina o passado”, pois a história é constantemente alterada por aqueles que estão no poder (os que venceram o passado) que acrescentam, retiram e modificam factos a seu favor.

       Primeiramente, embora que as pessoas não se apercebam, somos cada vez mais controlados, com a internet, com o nosso IP, as nossas compras, as câmaras de vigilância, os nossos telemóveis com a localização GPS e, principalmente, a internet. Tudo o que pesquisamos no Google ou até no Facebook é registado e usado para fazer publicidade de acordo com os interesses individuais.
      O controlo dos media e da propaganda, de George Orwell assemelha-se cada vez mais com o atual. Nem todas a notícias são fidedignas, pois muitas das vezes estão dependentes dos interesses económicos e políticos. A única maneira de lutar contra este fator é apelar pelo nosso espírito crítico, não nos deixarmos manipular. O problema é que há inúmeras pessoas que não têm formação suficiente para perceber ou outras que nem querem mesmo saber. Cada vez menos se vê jovens a ler, a escrever, a “levantarem-se da cadeira” e darem a sua opinião fundamentada. Este é um aspeto importante porque com uma sociedade ignorante há uma enorme facilidade de se instalar um regime igual ou até pior que este. 
       A ignorância, a manipulação e o controlo da nossa vida, são aspetos que se encontram cada vez mais na nossa sociedade.
      Não devemos acreditar em tudo o que nos dizem ou na primeira coisa que aparece na televisão e, essencialmente, devemos estar informados e atentos, não correndo o risco de sermos manipulados. É necessário lutar pela verdadeira democracia e por uma sociedade mais instruída, pronta a viver de acordo com os seus valores e consciente daquilo que a rodeia.       

Luís Fernando
Aluno de Línguas e Humanidades, 12º ano    

Sem comentários:

Enviar um comentário