quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Café filosófico sobre o Amor

Dia 14 de fevereiro é suposto celebrarmos o Dia dos Namorados, onde o S.Valentim distribui amor pelos casais apaixonados. Contudo, o Agrupamento de Escolas de Arganil decidiu que toda a semana é a semana dos afetos, iniciando assim um movimento que aproxima colegas, amigos, professores e funcionários a brindarem em conjunto às emoções e ao carinho que devemos nutrir uns pelos outros. Esta grande iniciativa convocou os nossos serviços de Filosofia para Crianças e Jovens que, nos dias 13 e 15 se dirigiu à escola primária para fazer duas sessões de Filosofia para Crianças
No dia 14 de fevereiro, foi a vez da escola secundária nos receber para um café filosófico. Esta sessão foi organizada pela turma do curso técnico de auxiliar de saúde em parceria com o projeto PES (Projeto de Educação para a Saúde). 
A sessão começou com uma declamação de um poema por uma aluna, em homenagem ao seu avô que, recentemente, a havia deixado. Um poema bastante afetivo, acompanhado por uma melodia doce de um violino, também interpretado por uma aluna da escola. De seguida, visualizou-se um vídeo, onde duas alunas entrevistaram uma senhora de 92 anos sobre como se vivia o amor na sua época. Após estas duas fabulosas intervenções, foi a vez de iniciarmos o nosso café filosófico com as turmas dos cursos profissionais de vídeo, comércio e turismo (devo confessar que fiquei surpreendida com o comportamento exímio de todos os alunos, bem como da sua participação, empenho e atenção. Parabéns, meninos!).
Comecei por desafiá-los a formar 4 grupos, tendo cada um porta-voz. Foi entregue a cada grupo uma caixa-mistério. Dentro de cada caixinha estavam 5 palavras. Os 4 porta-voz leram as palavras da sua caixa em voz alta e aí, foi lançado o 1º desafio: em grupo, tinham que criar uma definição de amor com todas as palavras que a caixa continha. Deixo-vos aqui as respostas (tanto da 1ª sessão como da 2ª):
Caixa-mistério 1 ("amor", "amado", "falta", "desejo", "fusão"): «A falta de amor dá desejo à fusão com o amado.» e «O amor é um sentimento de desejo que se sente pelo seu amado, é uma fusão de emoções, boas e más, e sem o amor falta uma parte de nós
Caixa-mistério 2 ("amor", "amado", "enamoramento", "renascer", "futuro"): «O amor é o enamoramento entre duas pessoas onde se é amado e há um renascer do futuro.» e «O amor é um enamoramento, é renascer, ser amado, construindo um futuro.»
Caixa-mistério 3 ("amor", "amado", "excesso", "exterior", "separado"): «O amor que sentimos pelo nosso amado não tem nada a ver com o exterior mas sim com o interior, mas num casal separado pode haver ciúmes em excesso.» e «O amor é excesso de sentimentos inexplicáveis e amar é ser amado mesmo estando separado, sabendo conhecer o interior e o exterior da pessoa.»
Caixa-mistério 4 ("amor", "amado", "mistério", "casamento", "infeliz"): «O amor é um mistério por desvendar, que eventualmente dará em casamento, não querendo fazer o amado infeliz.» e «O amor é um mistério, por vezes infeliz, que se for bem sucedido nos leva ao casamento com o nosso amado
Depois de cada porta-voz ler a definição do seu grupo, foi a altura de desvendarmos o mistério: cada caixa tinha sido inspirada numa teoria filosófica, assim, os conceitos pertenciam a Platão, F. Alberoni, E. Levinas e S. Kierkegaard, respetivamente. Foi lido o cartão com as ideias principais destes filósofos e lançámos o 2º desafio: cada um tinha que escolher qual a teoria com que se identificava mais (segredo-vos que os filósofos que tiveram mais apoiantes foram Platão e Levinas!). Com os novos grupos criados, gerámos um debate, ou melhor, um diálogo, com troca de argumentos acerca da posição de cada aluno, defendendo a teoria que tinha escolhido. Assim, os alunos foram convidados a defender a sua escolha, sempre comigo a fazer mais e mais perguntas, tal como Sócrates havia feito aos jovens atenienses. O diálogo foi bastante frutífero e, no fim, foi entregue uma folha em forma de coração onde se lançou o 3º desafio: todos os alunos deveriam chegar a um consenso sobre a definição de amor. Como podem imaginar, não foi nada fácil, mas cada grupo deu o seu contributo e chegaram a uma resposta heterogénea que abraçou todas as posições! (Assim é o amor e assim é a Filosofia!). As respostas foram: «O amor é aceitar a outra pessoa da forma que ela é, ou seja, com os seus defeitos e qualidades, sem nunca nos esquecermos que, apesar de haver uma junção de vidas e companheirismo, a outra pessoa é um ser individual e exterior a nós.» e «O amor é ser eu, encontrar alguém que nos complete, partilhar e respeitar, e não precisa de ser alguém igual a nós».

Deixo-vos algumas fotos do café filosófico e espero que se sintam inspirados a realizá-lo na vossa própria escola ou terra!







    

    

    

Sem comentários:

Enviar um comentário