terça-feira, 23 de outubro de 2012

Discurso sobre política e felicidade


Pepe Mujica, presidente do Uruguai discursou num evento no Brasil acerca da economia, das decisões políticas e em como elas estavam a ir numa direcção errada. Entre as suas declarações, Pepe disse que: "a grande crise não é ecológica, é política. Nós vimos ao planeta para sermos felizes porque a vida é curta e acaba-se, mas se a vida vai passando e nós trabalhando e trabalhando para consumir sempre mais, a sociedade é uma sociedade do consumo, o consumo é o motor, porque se o consumo pára, a economia pára." Mas então onde é que está a felicidade? Está nos bens materiais que compramos porque desejamos ter, mas depois de o termos desejamos instantaneamente e imediatamente uma outra coisa? Esta incansável busca do ter está a levar o ser humano a uma ruína dos valores e sobretudo a uma depressão geral. O homem recorre cada vez mais a psiquiatras, psicólogos e anti-depressivos para se acalmar e ir buscar respostas para a sua angústia existencial, mas ele esquece-se que podia evitar toda essa angústia se estivesse consciente que se o seu motor da vida fosse o 'ser' em vez do 'ter', ele conseguiria ser mais feliz, estar calmo e tranquilo e viver uma vida desafogada. Hoje em dia as pessoas apressam-se em ser melhores, em ser as primeiras, em ter tudo, mas vão a ver e não têm nada porque o que ontem quiseram, hoje têm e amanhã não vão querer isso e vão querer ter outra coisa. É preciso querer o que se têm e não querer ter o que não se tem. Isto não quer dizer que não haja consumo. Mas é preciso ter consciência que consumo é diferente de consumo desmedido. "Não podemos continuar indefinidamente a ser governados pelo mercado, mas temos que ser nós a governá-lo". "Você tem uma infinidade de despesas: o automóvel, a casa, as contas, outros bens materiais... trabalha arduamente todos os dias para pagá-los e quando der conta estará velho e a vida passou e então fará a pergunta: este é o sentido da vida humana?". Hoje, mais que nunca, as humanidades, as letras são importantes. Uma pessoa que se reforma, na sociedade de hoje, se não tiver espírito crítico, filosófico, que não saiba ter o gosto de ler romances ou não saiba música, fica deprimida e a vida dela acabou no fim do trabalho e no início do gozo do seu amealhado de dinheiro. Afinal para que é que trabalhamos? Para gastar tudo o que temos ou para juntarmos para, de forma medida, conseguirmos aproveitar tudo aquilo que nos dá prazer. A felicidade não está nos bens-materiais, está em nós.

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