terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

"Só sei que nada sei"

Estávamos na Grécia Antiga, Sócrates caminhava descalço pelas ruas de Atenas, até que lhe chega a informação de que tinha sido considerado como o homem mais inteligente daquele mesmo lugar. 
Sócrates foi um filósofo que não deixou nada escrito, foi seu discípulo - Platão - que nos deixou alguns registos importantes das suas conversas com os que o rodeavam. Ele gostava de andar pelas ruas, a questionar as pessoas porque, ao contrário dos seus antecessores, achava que a verdade estava dentro de cada um e não apenas nos mais aristocratas. Por isso, qualquer habitante poderia ou teria a capacidade de responder às suas perguntas. É claro que as perguntas de Sócrates eram demasiado astutas e causavam muita indignação, principalmente aos que se diziam mais sapientes. Tal devia-se ao facto de perguntar o que era a felicidade a quem se julgava ser feliz ou perguntar o que era a coragem aos guerreiros acabados de vencer uma guerra e que se sentiam os mais valentes de todo o mundo. Quando confrontados com estas perguntas, normalmente, os seus interlocutores fraquejavam e sentiam-se confusos, pois a cada resposta que davam, Sócrates formulava uma nova pergunta. Chama-se a isto "diálogo socrático", pois o filósofo não se limitava a interpelar, ele queria sempre ir mais fundo no diálogo. É por isso que ficou tão admirado quando foi considerado o mais inteligente de Atenas, uma vez que apenas se considerava um homem como outro qualquer e que ainda lhe faltava saber muito. Sentia-se como a sua mãe, uma parteira, cuja sua função era ajudar retirar a verdade de dentro das pessoas.
Neste âmbito, muitos filósofos de hoje em dia defendem uma "filosofia prática", uma filosofia que vá de encontro aos problemas atuais desta sociedade e dos cidadãos, uma filosofia mais pop, que saia à rua. Um exemplo dessa atividade prática é a criação de consultas filosóficas, onde o filósofo dê consultas de acompanhamento para tentar retirar a verdade de dentro da cada paciente seu e tentar que o paciente consiga por si próprio resolver os problemas. Não se trata de dar conselhos mas sim de problematizar e tentar encaminhar o cliente para a verdade que já está dentro de si e que só precisa do filósofo para 'sair à rua'.

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